TODA SORTE

INDIVIDUAL DE THIAGO TOES - Curadoria Ana Roman


Linguagens

Artes Visuais

Descrição curta

Em Toda Sorte, mostra individual de Thiago Toes, somos convidados a tensionar nossas concepções de mundo apriorísticas. Nosso senso comum é levado a entender que toda expressão artística é, em si mesma, uma tentativa de comunicação com o mundo e com o outro. Esta comunicação é mediada pelo que chamamos de \'objetos de arte\'. Estes objetos são a materialização de ideias poéticas qu

Classificação Etária: Livre

Casa do Olhar Luiz Sacilotto

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De 26/03/2022 a 30/04/2022 às 10:00 (420 minutos)( terca, quarta, quinta, sexta )

Preço: Grátis

Endereço: Rua Campos Sales, 414 , Centro, 09015-200, Santo André, SP

Descrição

Começo este breve texto com uma frase de Mario Pedrosa que tem me chamado muito a atenção e que parafraseio a seguir: perceber é uma ação criativa sobre a realidade. Pedrosa proferiu este enunciado em um momento em que defendia a arte enquanto experiência no contexto terapêutico. No entanto, a trajetória deste autor mostrou que, para ele, este enunciado ultrapassa os muros de qualquer instituição. A percepção - e a sua mudança - produzem e transformam a realidade. E a arte é produto (e produz) o fazer-transformar do perceber o mundo.

Em Toda Sorte, mostra individual de Thiago Toes, somos convidados a tensionar nossas concepções de mundo apriorísticas. Nosso senso comum é levado a entender que toda expressão artística é, em si mesma, uma tentativa de comunicação com o mundo e com o outro. Esta comunicação é mediada pelo que chamamos de \'objetos de arte\'. Estes objetos são a materialização de ideias poéticas que revelam a expressão do sujeito artista, que busca a si mesmo e tenta dialogar com o seu tempo. Nesta concepção, somos levados a apagar, por alguns instantes, a dimensão de escuta de todo objeto de arte: há sempre um plano imaginário com vazios e descontinuidades por onde o mundo exterior penetra. Estes hiatos estão em constante mutação e o sentido atribuído a eles depende da relação com o espectador. Nenhum \'objeto de arte\' tem, em si mesmo, um sentido único: cosmogonias e pluriversos convivem dentro de cada artefato produzido pelo fazer artístico. Caímos, muitas vezes, em armadilhas da representação e do figurativo: cremos, enquanto espectadores, que não há espaço para ambiguidade e para a multiplicidade - tudo é o que parece ser.

Thiago Toes se contrapõe a tal perspectiva e vem, ao longo dos últimos anos, investigando a dimensão ficcional do objeto artístico. Em suas pinturas convivem signos mitológicos - vindos de cosmogonias diversas e que procuram explicar a origem do planeta e do ser humano - com elementos urbanos e místicos. Ao justapor essas distintas imagens, ele suspende o que chamamos anteriormente neste texto de significado apriorístico e cria um espaço entre o as dimensões históricas e místicas e a potência de sentido contidas nas imagens. Em uma exploração formal, combinada a procedimentos de apagamento e de realce, somos convidados a um jogo: em alguns alguns momentos, há algo velado nas pinturas e elementos que temos diante de nós, em outros, a superfície da tela guarda somente a memória do gesto artístico e sensação cromática nos preenche. A linearidade do tempo e da experiência visual não interessam a Toes.

Nas esculturas presentes na mostra, o artista cria uma espécie de arqueologia do tempo presente, na qual artefatos contemporâneos parecem ter sido petrificados. Ao contrário do que são hoje, objetos feitos em escala massiva e industrial, marcados pela rápida obsolescência do mundo do consumo, eles assumem um caráter único. O espectador é colocado diante destes como se estivesse diante de preciosidades, que resistiram ao tempo e às intempéries, e que permitem rememorar o presente. As relíquias de Toes são objetos sedutores e de permanência temporal quase geológica. O tempo não parece ter início ou fim absoluto: há uma longa duração, que atravessa e suspende a espacialidade. Esta perspectiva espaço-temporal é confirmada pelos pequenos sólidos geométricos pintados que trazem, em si mesmos, galáxias inteiras.

Em Toda Sorte, nada é o que entendemos de primeira. Os objetos, indo para além da superfície, buscam abrir o corpo e os sentidos e se alojar num dentro do imaginário, à procura de significado. Toda Sorte é um convite ao espectador para a construção de narrativas.

(TEXTO DA CURADORA ANA ROMAN)

Galeria

Publicado por

Casa do Olhar Luiz Sacilotto

A Casa do Olhar Luiz Sacilotto promove reflexões e ações no campo das artes visuais para cidade de Santo André. Estão sob sua gestão o próprio imóvel onde está sediada a Casa, o Salão de Exposições do Paço Municipal, o Espaço de Fotografia João Colovati e a Pinacoteca de Santo André. Organiza e promove o Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto e a Bienal de Gravura de Santo André.

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