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65 anos. Artista visual, ceramista e culinarista. Tem a arte híbrida como princípio de atuação, fundindo estilos, materiais e técnicas na criação de produtos artísticos ( souvenirs) que retratetem a história, a cultura e a paisagem natural da Vila Histórica de Paranapiacaba, local que escolheu para viver e manter seu ateliê de criatividade desde a redestinação para o turismo a partir de 2004.
Email: paragregosetroianos@yahoo.com.br
Endereço: Rua Manoel Ferraz de Campos Sales, 460 , Paranapiacaba, 09150-050, Santo André, SP
CEP: 09150-050
Logradouro: Rua Manoel Ferraz de Campos Sales
Número: 460
Complemento:
Bairro: Paranapiacaba
Município: Santo André
Estado: SP
Descrição
Natural de Campos do Jordão, Rosana Martim, 65 anos, desde muito cedo aprendeu a trabalhar a partir dos saberes e fazeres da arte e do artesanato, agregando à gastronomia regional como elemento igualmente expressivo e de sobrevivência. Aos 17 anos em Campos do Jordão, cidade onde sua mãe criou filhos e filhas com renda retirada do Turismo, aprendeu a importância do souvenir para os visitantes. Formou-se em designer de interiores, passou a atuar com o Hibridismo como opção técnica e estética na criação de produtos artísticos bi e tridimensionais, buscando sempre aproximá-los da culinária regional. Conheceu Paranapiacaba nos anos 90 por conta de uma amiga moradora. Em 2004 durante estas visitas foi convidada pela arte-educadora e empreendedora social, Wal Volk a compor o Núcleo Comunitário de Cerâmica de Paranapiacaba, um ateliê coletivo de pesquisa em cerâmica popular, instalado num antigo barracão ferroviário. A proposta desde sua configuração inicial era acolher artistas dispostos a realizar experimentações que resultassem num produto linkado aos aspectos históricos, culturais e naturais do povoado. A proposta dialogava com seu percurso híbrido tendo contribuído com o fortalecimento de sua trajetória artística. O projeto (2004 a 2009) financiado pela Fundação Salvador Arena em parceria com o Instituto Ecoar e a Subprefeitura de Paranapiacaba, irradiou ações de formação pela comunidade local, contribuindo para o fortalecimento de núcleos de mulheres artesãs. Rô Martim passa a atuar como artista-educadora estimulando a pesquisa e o desenvolvimento de souvenirs com a cara do vilarejo. A vivência comunitária resultou no desejo da artista participar de um edital organizado pela subprefeitura para a instalação do projeto: ateliê-residência em patrimônio histórico. (fase 1 da redestinação). Ela apresenta o projeto e é selecionada com nota máxima. Assim nasce o primeiro ateliê denominado “para gregos e troianos”. Neste o ateliê e a casa convivem no mesmo espaço que o atendimento ao turismo nos finais de semana. Ter chegado ao vilarejo no momento da implantação do plano turístico possibilitou-lhe aprender e ensinar. Financiada pelo Instituto Ecoar, capacitou grupos organizados de mulheres periféricas artesãs nas vilas do entorno do centro histórico. Núcleo de artesanato do Jardim Eugênio de Lima, comunidade do Campo Grande, além da vizinha Rio Grande da Serra onde conheceu e contribuiu com a qualificação do Núcleo: Fibras da Serra (projeto social financiado pela Solvay Indupa do Brasil). Em todas as oficinas que ministrou, o souvenir sempre esteve presente como eixo temático de formação, seja com cerâmica, reciclagem, costura ou culinária. Paralelamente as atividades profissionais e as ações em seu próprio empreendimento, atuou voluntariamente sensibilizando crianças e pré-adolescentes da EMEIF Paranapiacaba e da E.E. Senador Lacerda Franco (parceira com a Secretaria Municipal e Estadual de Educação) oferecendo oficinas gratuitas de iniciação às técnicas de cerâmica com acordelado e placa, sempre destacando aos nativos a importância da confecção de “lembrancinhas” que representasse a cultura local, os casarios, os bichos da mata, a cultura ferroviária e elementos da flora. Como membro do primeiro grupo de colaboradores do Núcleo de cerâmica contribuiu na organização da FOPP (Feira de Oratórios e Presépios de Paranapiacaba). Foi a primeira costureira-bordadeira a confeccionar em 2005, no evento inaugural, o 1º estandarte popular com a imagem do Divino Espirito Santo – pintado à mão e bordado com pedrarias. Estes elementos da cultura popular são utilizados até hoje, pendurados nas portas dos restaurantes para divulgar a rota gastronômica que ocorre todo o mês de dezembro durante a Feira de Oratórios e Presépios. Hoje já se configura como mais um símbolo de cultura local. A artista teve papel fundamental na estruturação da feira de culturas populares, ação de fortalecimento em rede, que abre espaço para artesãos, artesãs, Ongs, e que ocorre paralelamente as apresentações musicais da festa (composta por grupos comunitários de Folias de Reis, Maracatu, e demais apresentações musicais que atraem o público em dezembro para a localidade). Por 5 anos foi voluntária na recepção das inscrições online e presenciais de artistas populares da rede de fortalecimento em economia solidária e criativa das culturas populares (indivíduos e grupos que se apresentam, expõem produtos culturais e realizam venda durante o evento). No acolhimento, apoiando na montagem das barracas de artesanato, guiando os participantes até a hospedagem entre outras ações necessárias para o sucesso da empreitada. É importante afirmar que as ações empreendidas pelos primeiros membros do Núcleo Comunitário de Cerâmica fortaleceram o turismo no mês de dezembro e preencheram uma lacuna. Hoje a Feira de Oratórios e Presépios é parte do calendário de festejos oficiais e chega a receber 3 mil pessoas em um final de semana, contribuindo com o desenvolvimento do comércio local de alimentação, artesanato e hospedagem. Atualmente com 65 anos e uma deficiência adquirida num procedimento pós-cirúrgico para retirada de um tumor no cérebro; (ver autodeclaração + relatório médico anexo) a artista segue num ritmo mais lento e com certeza tranquila por ter feito sua parte. Inclusive colaborou na criação do COLETIVO FOPP que se configura como entidade sem fins lucrativo, comunitária, formada por amantes da festa que atualmente a mantem viva e que já não necessita de sua presença.Seguem demais desdobramentos de seu percurso há 16 anos no vilarejo.
O reconhecimento resultou no convite para a ministração de aulas de cerâmica por três anos no ateliê do Parque Escola de Santo André, compartilhando seus saberes e fazeres com artesãos(ãs) do Município de Santo André e imediações. A partir da criação do “Festival de Pratos do Cambuci”, (ver relato de Marco Moretto no mini-doc), onde têm diversos pratos premiados e segue contribuindo. Pratos que unem experimentações com os frutos do cambucizeiro às experimentações com cerâmica utilitária (souvenir de cambuci – pote no formato da fruta em cerâmica de monoqueima e esmalte em alta temperatura ou engobe popular). Os doces produzidos para o Festival do Cambuci no formato da fruta são pequenas obras de arte. Sua dedicação pode ser vista no documentário “Histórias de Cozinha com Cambuci” produzido pela artista visual Wal Volk e os alunos da ELCV (escola livre de cinema e vídeo de Santo André). Lá é possível entender cada parte desta escrita https://www.youtube.com/watch?v=FJQcNaFyaBM&t=105s (2:57/22:16).
A partir das premiações a artista passa a integrar oficialmente a Rota do Cambuci do Estado de São Paulo, que também tem sede em Paranapiacaba. Assim passa a divulgar em todas as oportunidades, a gastronomia tradicional de cambuci e o souvenir criado em cerâmica, (comida & arte). Com o fim do Núcleo Comunitário de Cerâmica, é convidada a ser parceira de no ateliê do ceramista Marino Bedin e juntos criam o projeto: FUNICULARTE, onde desenvolvem experimentações conjuntas por 5 anos, sempre com foco no desenvolvimento de um souvenir que represente o território. Com o fim da parceria a artista retorna ao antigo endereço que havia sido desocupado para o restauro e cria o espaço Motyrô. Loja especializada em souvenirs temáticos, livros sobre Paranapiacaba, moda bruxa, artesanato místico, gnomos, cerâmica confeccionadas a partir dos ícones ferroviários (Maria Fumaça e Antigo Relógio) e elementos da flora e fauna (cambuci e onça maracajá).
O novo projeto ocupa o local onde antes funcionava o ateliê-residência “Para gregos e troianos”, no mesmo endereço: em frente o Antigo Mercado de Paranapiacaba.
A experiência no Funicularte fortaleceu a ideia da necessidade de ampliar a pesquisa no desenvolvimento de um conjunto de souvenir que represente todos os aspectos do turismo local. Os aspectos, arquitetônicos com a representação dos casarios, a fauna, a flora local; a cultura ferroviária a partir das cerâmicas e bijuterias com a imagem da Maria Fumaça. A cultura do ciclo da natividade (natal popular brasileiro) com os presépios em cerâmica, palha e outros materiais. O fortalecimento da imagem das folias de reis, reisados e outros folguedos vivos do ABC Paulista e baixada santista, legado da FOPP. Por fim, a gastronomia do cambuci, (os fazeres e saberes com os frutos do cambucizeiro tombado como patrimônio imaterial andreense). Mais recentemente temos a forte presença de turistas procurando souvenir com os ícones do festival de bruxas e magos que podem ser encontrados na loja Motyrô. E ainda é possível pensar e tenho certeza de que não demora a surgir o souvenir inspirados na imagem da noiva de Paranapiacaba e outros contos fantásticos que inspiram a visitação.
Enfim... Uma infinidade de caminhos que a artista Rô Martim com certeza irá empreender, pois é o que vem fazendo nestes 16 anos.
Sem mais, assino e dou fé de cada palavra proferida nesta defesa.
É um prazer colaborar e poder reafirmar a partir do edital PINAB a importância da trajetória desta moradora-artista-educadora que anda inclusive arriscando com 65 anos uns versos bem bonitos. Sou testemunha de sua trajetória no desenvolvimento e qualificação do turismo histórico, cultural e ambiental de Paranapiacaba.
Wal Volk
Ex-moradora e professora de artes há duas décadas na escola estadual do vilarejo histórico de Paranapiacaba.
Graduada pelo Instituto de Artes da Unesp – Universidade Estadual Paulista
Pós-graduada em educação – Universidade de São Paulo
Mestranda em Arquitetura Inclusiva – Universidade São Judas Tadeu.
1ª festeira da FOPP – Feira de Oratórios e Presépios de Paranapiacaba.