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Manifestações culturais oriundas da valorização, preservação, cultivo, saberes e fazeres das comunidades serranas relacionadas ao cambuci
sss Cambuci ou cambucizeiro, anteriormente denominado também como ubucambuci, é uma árvore frutífera nativa da Mata Atlântica.
Email: comdephaapasa@santoandre.sp.gov.br
Telefone Público: (11) 4436-3631
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Descrição
Cambuci ou cambucizeiro, anteriormente denominado também como ubucambuci, é uma árvore frutífera nativa da Mata Atlântica. Foi descrita pela primeira vez em 1857 por O. Berg. O nome científico do Cambuci é Campomanesiaphaeae tem ocorrência registrada em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, sendo nativa desta região, onde era frequente no passado. Esta árvore deu nome a um dos bairros mais antigos de São Paulo: o Cambuci que deve ter sido assim denominado pela quantidade que poderia ser encontrada nesse local que se configurava como uma espécie de divisa entre a área urbana e a rural. Dali saía o caminho que ia sentido o Caminho do Mar para Santos, utilizado por tropeiros e viajantes e pela Rua Lavapés chegava-se ao centro de São Paulo.A madeira deste espécime era bastante apreciada para a produção de pequenos objetos de marcenaria e com isso tornou-se rara. O artigo da Revista “Chacaras e Quintaes” de 1913 já identifica a dificuldade em encontrá-la no centro de São Paulo, sendo vista apenas em um quintal da região da Sé. Mas, além do uso da madeira, o autor do artigo, Dr. Gustavo Edwall, Secretário de Agricultura de São Paulo, identificou neste mesmo artigo outros usos para o Cambuci: o uso medicinal da casca, além de frutos embebidos em aguardente.
E é exatamente este uso, curtida na cachaça, que era bastante frequente e popular na Serra do Mar, especialmente em Paranapiacaba. Segundo memórias coletadas junto a ferroviários a cachaça aquecia em meio à garoa, neblina e frio, e com cambuci ficava mais saborosa. João Ferreira, antigo morador desta localidade, lembra que nos anos 1930 e 40, ele e outros meninos saíam para buscar o cambuci nas matas ao redor da vila e voltavam com muitos frutos que quando maduros eram cortados ao meio e com um pouco de açúcar na polpa ficavam ainda mais gostosos.
As memórias, associadas aos saberes e fazeres que tanto a madeira, casca, folhas e frutos do cambucizeiro permitem foram objeto de solicitação de registro, uma vez que especialmente as frutas foram sendo incorporadas aos hábitos alimentares. Sua polpa carnuda, suculenta e levemente ácida permite a produção de diversos produtos alimentares, seja como acompanhamento de carnes, ou doces, sucos, xaropes, geleias, entre outros. As iguarias sempre foram servidas em almoços e jantares familiares, em bares e restaurantes de Paranapiacaba.
Com este potencial, desde 2002 é realizado em Paranapiacaba o Festival de Cambuci, em que expositores apresentam receitas novas e tradicionais. E, desde 2009 a Rota Gastronômica do Cambuci passa por Paranapiacaba, além de outras cidades como Mogi das Cruzes, Salesópolis, Biritiba Mirim, Rio Grande da Serra, São Paulo e Paraibuna.
Com estas manifestações a solicitação de registro foi realizada por três organizações civis – AMA – Associação dos Monitores Ambientais de Paranapiacaba – SPR Paranapiacaba – Sociedade de Preservação e Resgate de Paranapiacaba e Associação Ambientalista Mãe Natureza. O movimento contou com cerca de 180 assinaturas de moradores e demais interessados.
Este bem foi registrado como patrimônio cultural do município pelo COMDEPHAAPASA – Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André, em setembro de 2012. As motivações para tal ação se relacionam à valorização dos conhecimentos agregados a esta espécie vegetal. As receitas e as formas de uso do cambuci foram repassados por moradores, especialmente ferroviários de Paranapiacaba, e vem sendo atualizadas com as novas edições de festivais e atividades de valorização deste bem cultural de Santo André.