Classificação Etária: Livre
Salão de Exposições
ver mapaocultar mapaToda seg, ter, qua, qui e sex de 29 de abril a 10 de junho de 2022 às 10:00
Preço: Grátis
Endereço: Praça IV Centenário, s/nº, Paço Municipal de Santo André, Centro, 09015-080, Santo André, SP
Descrição
PASSAGENSmostra retrospectiva 1968-2021 - salão de arte contemporânea luiz sacilotto
Ao longo de sua história, o Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto realizou exposições que até hoje marcam as expressões e linguagens das artes e da cultura. Em 2022 realiza sua 50ª edição, idealizado em 1968, é dedicado à vanguarda e ao experimentalismo. Nesse período abrigou parte significativa dos movimentos artísticos brasileiros, como a abstração geométrica, o novo realismo, a pop arte e arte postal, a geração 80, a produção da gravura, da fotografia, do videoarte e do graffiti, a explosão dos coletivos artísticos, das performances e arte digital, as intervenções urbanas e a arte pública.
Criado em plena ditatura, o Salão se constitui como um espaço democrático que reúne público, artistas, curadores, pesquisadores e gestores em torno da missão de promover e difundir a arte contemporânea, abrindo-se para a pluralidade de produção artística e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas, tornando-a acessível ao maior número de pessoas possível.
Olhar para essas manifestações nos dias de hoje é importante para pensar sobre criatividade, liberdade de expressão, construção coletiva e as artes visuais como catalisadoras dessas manifestações. O que mudou nos últimos 54 anos na arte e na cultura e o que ainda podemos aprender com os Salões?
Os primeiros Salões aconteceram em meio às mudanças radicais na arte e cultura brasileira nos anos 1960 e 1970, e ampliaram os sentidos de promoção e difusão artística, assim como o conceito de patrimônio cultural.
Nesse percurso vem processando novos e velhos sentidos da arte, e com isso transformando-se. De 1968 a 2003 manteve-se como Salão de Arte Contemporânea de Santo André, com um breve intervalo entre os anos 1978-82, quando foram realizados os Salões Jovem de Arte Contemporânea, e a partir de 2004 recebeu o nome do mais importante artista andreense, passando a ser conhecido como Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto.
Desde sua fundação vem constituindo um acervo que hoje possui aproximadamente mil obras, adquiridas por meio de prêmios conferidos aos artistas que participaram de suas edições. E em 2019 sua relevância foi honrada com o prêmio Destaque do Ano, concedido pela Associação Brasileira de Críticos de Arte - ABCA.
Passagens é uma mostra restrospectiva de trabalhos que emergem a partir da pesquisa no amplo catálogo que constitui a coleção da Prefeitura de Santo André, estruturada por uma política pública de formação de acervo de artes visuais e de patrimônio cultural.
Ao olhar para este conjunto tão diverso e valioso, surgem inquietantes indagações: Como interpelá-los agora? Que histórias podem, ainda, contar? É certo que precisamos pensar em seu futuro, sua preservação e possibilidades de partilha para além da obsolescência.
Nesse sentido, a mostra é um ensaio de como o acervo incorpora o complexo das dimensões sociais e históricas, dos processos simbólicos, ou melhor, de metamorfose das imagens como formas simbólicas, processos de transformação implicam forças em ação, portanto, deles, saem fios visíveis e invisíveis para outras interpretações. Significa uma entrada variada para que os que se deparam com esse conjunto possam transcender o marco temporal: formas, expressões e gestos, que se apresentam quase como trans-históricas, no sentido de que cruzam tempos e espaços, transformando-se tanto no âmbito de suas significações como no das formas.
Trabalhos artísticos jamais estão fechados em si mesmos, como nômades: eles se abrem para processos de constelação, imaginando diálogos, formas que pudessem ser, a cada momento deslocadas e postas em outras posições, sugerindo novos arranjos com novas imagens, em um processo infinito, com isso, a possibilidade de associar, constelar, corresponder, tensionar e opor obras, permitindo modos de conduzir discussões.
Passagens é ao mesmo tempo suporte e objeto, desacreditando a separação de conteúdo e forma - e portanto desacreditando uma análise apenas de conteúdo ou apenas de forma.
Reinaldo Botelho
Curador e coordenador da Casa do Olhar